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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Reflexão de Fim de Ano.

Por que desejar Feliz Ano-Novo se há tanta infelicidade à nossa volta? Se este dia de hoje não fizer exultar um povo durante os 365 dias vindouros que sentido tem celebrar a passagem de ano? Como desejar feliz Ano-Novo com tantos jovens morrendo no trânsito em nossa cidade às vistas de todas as nossas autoridades sem nada ser feito, numa cidade que parece que a lei passou longe, não basta rezar e abençoar motos e carros é preciso ir ao fundo do problema que se agrava e nada se faz.

Feliz Ano-Novo é, portanto, um voto de emulação espiritual. Claro, muitas outras conquistas podem nos dar prazer e alegre sensação de vitória. Não somos profetas da desgraça, reconhecemos feitos e conquistas sem dúvidas!Mas não são o suficiente para nos fazer felizes. Melhor seria um mundo sem miséria, desigualdade, degradação ambiental, políticos corruptos!

Essa infeliz realidade que nos circunda, e da qual somos responsáveis por opção ou omissão, se constitui num gritante apelo para nos engajarmos na busca de “um outro mundo possível”. Contudo, ainda não será o Feliz Ano-Novo.

O ano será novo se, em nós e à nossa volta, superarmos o velho. E velho é tudo aquilo que já não contribui para tornar a felicidade um direito de todos.

Se o novo se faz advento em nossa vida espiritual, então com certeza teremos, sem milagres ou mágicas, um Feliz Ano-Novo, ainda que o mundo prossiga conflitivo; a crueldade, travestida de doces princípios; o ódio, disfarçado de discurso amoroso.

A diferença é que estaremos conscientes de que, para se ter um Feliz Ano-Novo, é preciso abraçar um processo ressurrecional: engravidar-se de si mesmo, virar-se pelo avesso e deixar o pessimismo para dias melhores.

Desejo um Ano-Novo em que, no campo, todos tenham seu pedaço de terra, onde vicejem laranjas e alfaces e voejem bem-te-vis entre vacas leiteiras. Na cidade, um teto sob o qual reluz o fogão de panelas cheias, a sala atapetada por remendos coloridos, a foto colorida do casal exposta em moldura oval sobre o sofá.   

Espero um Ano-Novo em que as igrejas abram portas ao silêncio do coração, o órgão sussurre o cantar dos anjos, a Bíblia seja repartida como pão. A fé, de mãos dadas com a justiça, faça com que o céu deixe de concentrar o olhar daqueles aos quais é negada a felicidade nesta terra.
Um Feliz Ano-Novo com casais ociosos na arte de amar, o lar recendendo a perfume, os filhos contemplando o rosto apaixonado dos pais, a família tão entretida no diálogo que nem se dá conta de que o televisor é um aparelho mudo e cego num canto da sala.   

Desejo um Ano-Novo em que os sonhos libertários sejam tão fortes que os jovens, com o coração a pulsar ideais, não recorram à química das drogas, não temam o futuro nem se expressem em dialetos ininteligíveis. Sejam, todos eles, viciados em utopia.   

Espero um Ano-Novo em que cada um de nós evite alfinetar rancores nas dobras do coração e lave as paredes da memória de iras e mágoas; não aposte corrida com o tempo nem marque a velocidade da vida pelos batimentos cardíacos.   

Um Ano-Novo para saborear a brevidade da existência como se ela fosse perene, em companhia de ourives de encantos, cujos hábeis dedos incrustam na rotina dos dias jóias ternas e eternas.
Quero um Ano-Novo em que, a cada um, seja assegurado o direito do emprego, a honra do salário digno, as condições humanas de trabalho, as potencialidades da profissão e a alegria da vocação. Um novo ano capaz de saciar a nossa fome de pão e de beleza.   

Rogo por um Ano-Novo em que a polícia seja conhecida pelas vidas que protege e não pelos assassinatos que comete; os presos reeducados para a vida social; e que os pobres logrem repor nos olhos da Justiça a tarja da cegueira que lhe imprime isenção.   

Um Ano-Novo sem políticos mentirosos, autoridades arrogantes,religiosos azedos e agressivos, e grossos com o seu povo, funcionários corruptos, bajuladores de toda espécie. Livre de arroubos infantis, seja a política a multiplicação dos pães sem milagres, dever de uns e direito de todos.   

Espero um Ano-Novo em que as cidades voltem a ter praças arborizadas; as praças, bancos acolhedores; os bancos, cidadãos entregues ao sadio ócio de contemplar a Natureza, ouvir no silêncio a voz de Deus e festejar com os amigos as minudências da vida – um leque de memórias, um jogo de cartas, o riso aberto por aquele que se destaca como o melhor contador de piadas.
Desejo um Ano-Novo em que o líder dos direitos humanos não humilhe a mulher em casa; a professora de cidadania não atire papel no chão; as crianças cedam o lugar aos mais velhos; e a distância entre o público e o privado seja encurtada pela ponte da coerência.
Quero um Ano-Novo de livros saboreados como pipoca, o corpo menos entupido de gorduras, a mente livre do estresse, o espírito matriculado num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos.

Desejo um Ano-Novo em que o governo coloque o país nos eixos, livre a população do pesado tributo da degradação social, e tome no colo milhões de crianças precocemente condenadas ao trabalho, sem outra fantasia senão o medo da morte.   

Espero um Ano-Novo cujo principal evento seja a inauguração do Salão da Pessoa, onde se apresentem alternativas para que nunca mais um ser humano se sinta ameaçado pela miséria ou privado de pão, paz e prazer.   

Um Ano-Novo em que a competitividade ceda lugar à solidariedade; a acumulação à partilha; a ambição à meditação; a agressão ao respeito; a idolatria ao dinheiro ao espírito das Bem-Aventuranças.

Aspiro a um Ano-Novo de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela transparência das águas da cachoeira do Urubu, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de alimentos despoluídos.

Rogo por um Ano-Novo que jamais fique velho, assim como os carvalhos que nos dão sombra, a filosofia dos gregos, a luz do Sol, a sabedoria de Jó, o esplendor das montanhas, a música gregoriana.

Rogo por um Ano-Novo, em que cresça a consciência que para os que amam Batalha, como eu, ela é mais do que um amontoado de casas, um emaranhado de ruas e avenidas. Ela é, sobretudo, a reunião de pessoas que têm os mesmos direitos e participam, a seu modo e em graus diferentes, da administração dos seus interesses comuns.

No último dia do ano Batalha, quero pedir a Deus ajuda para discernirmos e superar toda cegueira e a tomarmos as melhores decisões em apoio ao teu crescimento!

Como disse o poeta José Nicodemos da Rocha: “Ó filha do Sertão deste Brasil plantada nos rincões do Piauí. És bela, forte, impávida és viril orgulho dos que nascem por aqui”.
Cuidem bem da nossa Batalha, pois, em cada canto do país e até mundo afora, tem sempre um batalhense “acuado de saudade” da Terra de São Gonçalo.    

Um ano tão novo que traga a impressão de que tudo renasce: o dia, a exuberância do mar, a esperança e nossa capacidade de amar. Exceto o que no passado nos fez menos belos e bons. Adeus ano velho e feliz Ano Novo a todos, que São Gonçalo, do alto de sua casa de clemência e de bondade, fincada no alto desta colina há quase 200 anos, nos abençoe a todos nós durante os 365 dias do ano que daqui a alguns minutos estaremos começando.

Que Deus nos inspire em 2012. E viva o Ano Novo!Felicidades a todos do fundo de minha alma e coração!

Pe. Leonardo Sales

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