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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

CONFIRA TODA A HOMILIA DA 4º NOITE DOS FESTEJOS DE SÃO GONÇALO

Na quarta noite dos novenário a São Gonçalo, a Santa Eucaristia foi celebrada pelo nosso querido Padre filho de Batalha Pe. Leonardo de Sales, que teve como tema da noite: A Revelação "Sou eu, que falo contigo" (Jo 4,26).  

Os responsáveis da noite foram o setorial Nossa Senhora de Nazaré, pastoral da criança, batismo e catequese. Confira abaixo toda a homilia de Padre Leonardo de Sales:

Neste retiro anual, o festejo de São Gonçalo, a paróquia nos convida a refletir sobre a iniciação cristã, com o tema “Igreja, casa de iniciação à vida Cristã”, e com o lema “São Gonçalo, sacerdote e missionário de vida cristã” e propõe seis passos: 1º. O Encontro, 2º. O diálogo, 3º. Conhecer Jesus Cristo, 4º. A Revelação, 5º. Anúncio, 6º. O Testemunho. Todo este caminho auxiliado pelo documento 100 da CNBB, inspirado pelo Evangelho de Jo, Cap. 4, 5-42.

Nesta noite compete-me refletir sobre o 4º passo, a Revelação:

Deus de revela ao homem, e este com a claridade da inteligência acolhe o mistério, mesmo que parcialmente compreendido, dado que Deus, não se esgota, mas se revela, e a revelação é uma experiência apocalíptica, pois isto mesmo significa Apocalipse, “revelação”, mesmo sem querer dissecar o mistério é licito ao homem, buscar uma compreensão do Mistério, e Deus em Jesus se revela, se mostra, se apresenta, diz de si aos homens. E o texto escolhido para a temática deste festejo apresenta esta dinâmica, procurar a relação com o mistério, no crescimento e amadurecimento dos dados da Revelação, dos sacramentos.


“Sou eu, que falo contigo” (Jo 4,26). Ali, diante daquela mulher, estava pela primeira vez alguém que ouviu a sua história, repleta de “muitos maridos”. Sem condená-la, mas com ouvidos e olhar de misericórdia. Para aquela samaritana chegara a “hora”. Até então era excluída; agora Ele a faz saber que pode ser incluída entre os “adoradores que o Pai procura” (Jo 4,23), que encontrá-la é anseio do Pai. É admirável a sua reação: confessa-se disposta a aceitar o Messias, quando ele chegar (Jo 4,25). (n. 28)
Embora ainda não tivesse reconhecido quem era Jesus, compreendera que as suas palavras anunciavam dias de graça; eram os tempos messiânicos. Estavam, pois, preparados o ambiente, o clima, as condições para que Jesus se identificasse e se revelasse. (n. 28)


 “Sou eu, que estou falando contigo” Chega-se aqui ao ápice daquele encontro. Ela, até então, falara do Messias. Agora fala diretamente com Ele, em pessoa. O que antes era esperança mal definida, agora é presença, é pessoa encontrada. Até o cântaro para levar água, antes um instrumento indispensável para saciar a sede da água do poço, agora perde relevância... Agora a mulher descobrira que sua fonte de vida não vem do poço, mas de Jesus, que se aproximara e se deixara encontrar. (n. 29)
“Sou eu” – Eu sou oo ouvir a expressão “Sou eu” certamente afloraram à mente da Samaritana as antigas experiências de libertação. Outrora Deus se apresentara como libertador (Ex 3,14: “Eu sou...”). Essa expressão poderá lhe ressoar ainda muitas vezes. Se continuar o diálogo com Jesus, vai ouvi-lo dizer: “Eu sou o pão vivo” (6,35); “Eu sou o bom pastor” (10,11); “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25); “Eu sou o caminho, a verdade, a vida” (14,6); “Eu sou a videira” (15,1). Ao leitor, as possibilidades são muito maiores que à samaritana. (n. 30)



Um projeto de caminho que visa a promoção da Iniciação Cristã, “como processo de formação integral da Fé e como que um sacramento em três etapas: Batismo, Confirmação e Eucaristia que implique uma atitude de viver como discípulo missionário em fidelidade ao amor de Deus”.

Este evangelho nos apresenta um itinerário da Igreja como casa de Iniciação à vida cristã.Neste processo o Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos (RICA) será o caminho referencial.   “servirá de GPS para a nossa ação pastoral paroquial. Um convite para passar do modelo escolar ao catecumenal: não apenas conhecimentos cerebrais, mas encontro pessoal com Jesus Cristo, vivido em dinâmica vocacional segundo a qual Deus chama e o ser humano responde”.

“O Dom da água que dá a vida” refletido na noite de ontem será o ponto de partida para a esta reflexão que está destinada a mudar o rosto da Igreja. “A água, só por si, não dá a vida, mas a água, transformada por Cristo, salva e dá a vida. Com um autor do séc. II, podemos, com efeito, afirmar: «felizes daqueles que, pondo toda a sua esperança na cruz, desceram à água do Batismo. Com efeito, a fé mergulha no dom da água que dá a vida”. Como fez São Gonçalo, no inicio de sua caminhada cristã, no dia do seu Batismo.
Ninguém nasce cristão, torna-se cristão pelo Batismo, a fonte de todas as vocações. O percurso iniciático, o catecumenato, de âmbito catequético-litúrgico e moral destina-se não apenas a fazer o cristão, mas a própria Igreja. A insistência do caráter sacramental da Iniciação quer sublinhar a iniciativa divina gratuita de Deus. A evangelização exige o tempo da maturação na fé no tempo a que se chama catecumenato.

A “pastoral atual na nossa Diocese é ainda muito marcada pelo modelo de cristandade, apresentando muita dificuldade, e às vezes, muita resistência para assumir uma reviravolta missionária. Esta conversão pessoal, pastoral e missionária é claramente proposta pelo Papa Francisco: “sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à auto-preservação” (Evangelii Gaudium 27)”.

Temos uma multidão ontologicamente iniciada na fé, ou seja, batizados, centenas e centenas fizeram a 1ª Eucaristia e receberam o sacramento do Crisma, porém esta pertença não se verifica no nível existencial, o festejo é uma fotografia clara deste diagnóstico, uma multidão de pessoas que nos procuram esporadicamente, cuja vida cristã não se verifica na vida da comunidade eclesial, são cristãos de festas e de ocasiões.
Abandonemos também nós nossos cântaros da indiferença, de uma religião indiferente e discriminadora, saímos de uma experiência de meros consumidores dos serviços religiosos, de um devocionismo vazio e sem compromisso, para uma Igreja de batizados e iniciados conscientes de suas responsabilidades.


Evoco aqui, com emoção, as palavras do Arcebispo Montini, futuro Papa Paulo VI, ao anunciar, em 1959, na Catedral de Milão, a Missão para a sua Diocese: “Porque se afastou de nós o nosso irmão?” Perguntava o arcebispo de Milão e adiantava de imediato a resposta: “Porque não foi suficientemente amado. Porque não velamos por ele, não o instruímos bastante, não o iniciamos nas alegrias da fé. Perdoai-nos se não vos rodeamos bastante de cuidados, se não fomos suficientemente mestres espirituais, suficientemente bons médicos das almas, se fomos incapazes de vos falar de Deus como devíamos tê-lo feito. Escutai-nos porque queremos juntar às nossas palavras a alegria do anúncio do Evangelho”.

PADRE LEONARDO DE SALES

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